Saúde
Qualidade de vida = Autoconhecimento
A saúde é uma incessante procura pelo bem-estar. Não tem uma receita, mas o contato humano e o cuidar de si sem dúvida são ingredientes necessários para termos melhor qualidade de vida. Leitura, amizades, música, hobby, atividade física, viagens e aprender algo novo são formas de preservarmos essa flexibilidade psíquica e enriquecermos a vida mental.
Pesquisas indicam que o que leva uma pessoa a atingir os níveis ideais de bem-estar, não são apenas as oportunidades, mas sim, o conjunto de fatores associados de corpo, mente e espírito, com doses de atitudes, que levará esse indivíduo ao encontro dos seus objetivos.
O princípio de tudo é a vida, definida como o maior bem e riqueza que um ser humano pode ter. A vida é o ponto de partida para conquistar tudo o que se deseja e o que se tem em mente.
Flávia Lima Morgon, 43, psicóloga e terapeuta familiar, graduada pelo Programa Internacional em Práticas Colaborativas e Dialógicas/Houston Gabeston Institute [Texas] e Taos Institute [Novo México], EUA, concorda.
“A vida é o início de tudo. Mas, as nossas vivências e os conhecimentos que vamos adquirindo ao longo dela, é que serão os facilitadores, para definirmos quais serão essas conquistas e objetivos. Desde que nascemos, estamos aprendendo e construindo novos saberes sobre o mundo, ressignificando nossas possibilidades e potencialidades”.
Mas nem tudo são flores. Em nossa trajetória, existem os desafios, dificuldades e perigos que passamos, na qual sofremos atentados e ameaças por questões patológicas, criminais ou sociais, que inclui a violência urbana provocada pela falta de políticas pontuais que geram desigualdade social e insegurança.
“Sem dúvida todos esses desafios provocam um impacto em nossa vida. A vida pós-moderna nos propõe uma rotina mais acelerada e estressante. Vários fatores como: violência, falta de políticas públicas, corrupção, assim como, o incentivo ao consumo excessivo, afetam negativamente nossa vida e nossas relações”, fala a psicóloga.
Muitas vezes, as pessoas e as famílias preferem ficar em casa a fazer um passeio, para evitar o estresse do trânsito ou por medo de sofrer um assalto. “Percebemos que o medo é um sentimento presente nos dias de hoje, justamente por todos os fatores citados”.
Políticas públicas
Direitos sociais como: saúde, educação, moradia, alimentação, trabalho e lazer, são os responsáveis em oferecer uma melhor qualidade de vida ao cidadão e deveriam ser estendidos para todas as pessoas, de forma a atender suas necessidades básicas. No entanto, são privilégios apenas de uma minoria afortunada da população.
Flavia Morgon comenta que essas diferenças são reais e, que, a falta de informação e conscientização dessas necessidades também é muito importante.
“Nossa qualidade de vida pode estar associada a uma série de motivos como prática de atividade física, alimentação saudável, uma rede de amigos e familiares. Atitudes preventivas podem favorecer uma boa qualidade de vida”.
Cuidar de si
De acordo com a psicóloga, qualidade de vida é desfrutar de um perfeito bem-estar físico e psicológico, porém, não depende apenas de nós, mas também, de um conjunto de agentes externos e alheios à nossa vontade.
Então, como lidar e enfrentar essa situação que gera ansiedade e depressão?
“Segundo a OMS [Organização Mundial da Saúde] qualidade de vida é: ‘a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores, nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações’. A partir dessa definição, podemos entender que de fato, a qualidade de vida está associada a uma série de razões”, esclarece.
Ela diz que transtornos como ansiedade e depressão afetam muito mais a população atualmente. A rotina agitada, com poucas horas de sono, má alimentação e o sedentarismo podem favorecer o aparecimento destes transtornos.
“A vida pós-moderna nos traz estímulos demandando muitas vezes repostas e decisões rápidas. Vejo nessa situação um facilitador aos quadros de ansiedade, afinal, temos uma sociedade imediatista”.
Já a depressão está vinculada a fatores ambientais e fisiológicos. “O que percebemos hoje, é que temos mais dificuldade em lidar com os nossos problemas. As dificuldades fazem parte da vida. Penso que entender que os problemas são humanos e podem ser superados de alguma forma, pode ajudar numa melhor qualidade de vida”.
Conquistas
Podemos ter qualidade de vida por meio de bens materiais, como por exemplo, dinheiro, moradia e carros. No entanto, faltar-nos o bem-estar na alma e no corpo. Sabe-se que corpo, mente e espírito, devem estar em perfeita sintonia para que possam estabelecer o equilíbrio necessário à manutenção de nossa vida.
“Falar sobre nossas angústias e dores pode colaborar muito. Antigamente, as pessoas conversavam e ouviam mais e essa rede de apoio entre amigos e familiares contribuía para que as pessoas pudessem sentir-se melhores. Afinal, falar e ser ouvido é o que cada ser humano espera do próximo”.
Para ela, é importante o ser humano entender que há um processo para ter uma boa qualidade de vida. Encontrar esse equilíbrio entre corpo e mente, saúde física e mental é um desafio cada vez maior hoje em dia. Porém, é algo possível por meio de determinação e esforço.
“Estar atento ao seu corpo, aos seus sentimentos, reações e limites, pode ajudar na compreensão de necessidades e com isso favorecer uma melhor qualidade de vida, com prática de atividade física, uma alimentação saudável, lazer e hobbies”.
Outro fator destacado por Flávia Morgon é o indivíduo poder contar com a ajuda de profissionais especializados como: psicólogo, médico, nutricionista, personal trainner, entre outros.
“Acredito que a saúde é um patrimônio da vida. Ser saudável nos dias atuais implica em uma série de atitudes que devem ser praticadas por todos nós, na busca de uma melhor qualidade de vida”.