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Inspire e expire, o ano começou!
Acolher o nosso sofrimento devido a tudo que a pandemia nos traz e demonstrar amor diante da própria dor e da pessoa a sua volta pode ser o melhor remédio
O início de 2021 se deu com vários acontecimentos tristes e parece que não finalizamos 2020, não é mesmo? Ocorreu o avanço da pandemia da Covid-19 no mundo, aumento vertiginoso das mortes, fim do auxílio emergencial às famílias brasileiras e outros fatos mundialmente marcantes.
É preciso ressaltar que é esperado o aumento no número de pessoas em vulnerabilidade social. Quanta coisa a humanidade já viveu e, ainda, vai viver!!!
O mundo já passou por diversas epidemias, como a peste negra, a cólera, a tuberculose, a varíola, a gripe espanhola, a tifo, a febre amarela, o sarampo, a malária e a Aids. A ciência sempre se dedicou ao estudo para o tratamento e até mesmo cura das doenças e, devido a isso, possibilitou a erradicação de muitas das acima citadas em vários países. Atualmente, vivemos um momento atípico, com privações que a maioria das pessoas só tinha visto em livros.
Nesse exato momento, temos cientistas do mundo todo dedicados à pesquisa da Covid-19, bem como ao desenvolvimento de diagnósticos, tratamentos e vacinas. As pessoas se surpreendem com a rapidez na produção da vacina, porém, penso que o avanço tecnológico, nessas últimas décadas, fez com que o conhecimento ascendesse rapidamente, assim como, a divulgação dos dados obtidos.
Se aprofundarmos a reflexão sobre os processos evolutivos da humanidade, lembraremos que, além das epidemias e grandes catástrofes, tivemos as guerras. Quantas pessoas morreram? Muitas sobreviveram com grandes sequelas físicas e emocionais!
A própria Psicologia evoluiu significativamente depois da Segunda Guerra Mundial, sendo necessário o desenvolvimento de testes psicológicos diante das doenças mentais que surgiram no indivíduo e nas famílias. No momento presente, novas formas de tratamento e conduta vieram com força total devido ao isolamento e suas consequências; e a prática da modalidade online passou a ser usada com frequência jamais vista e, dessa forma, muitas pessoas estão usufruindo de acompanhamento psicológico e até mesmo médico sem sair de casa.
“Se observarmos o desenvolvimento humano, notaremos que a necessidade,
o desejo e, inclusive, o sofrimento mobiliza para a evolução”
A criança se arrisca e cai diversas vezes porque quer andar, sofremos por amor porque queremos ser amados e amar, resolvemos crescer porque queremos liberdade, ou seja, a dor é necessária para a superação e a sensação de prazer com toda conquista é natural.
Acolher o nosso sofrimento devido a tudo que a pandemia nos traz e demonstrar amor diante da própria dor e da pessoa a sua volta pode ser o melhor remédio. Quando a esperança é vivida como um verbo: ‘Esperançar’, como tantos pensadores já escreveram, se ganha força e determinação.
É preciso se esforçar para aceitar e se adaptar às mudanças necessárias, apesar da restrição na liberdade de ir e vir desde março/2020 e, determinação para honrar, o máximo possível, desejos e vontades por meio do uso da capacidade criativa em busca de formas alternativas de trabalho, de lazer, de encontros e de reencontros. O momento favorece o reconectar-se consigo próprio e com o próximo, na perspectiva da importância da empatia, ouvir a si e ao outro, para melhor compreensão.
Na minha experiência pessoal e profissional constato que somos eternos aprendizes de nós mesmos e favorecer as pessoas para uma melhor convivência permeada de mais amor, esperança, diálogo, solidariedade e sonhos tem sido fantástico.
Se tudo o que leu até aqui fez sentido para você, mas sente-se perdido, não tenha vergonha de procurar ajuda, a maioria das pessoas fica bem com uma boa conversa, com a psicoterapia ou até mesmo com acompanhamento medicamentoso. Lembre-se que tudo passa e a pandemia vai passar! Esteja preparado para isso, ou melhor, pense no sentido da vida e no seu propósito para, quando puder colocá-la em prática.
Sendo esse o primeiro artigo do ano aproveito em nome da Clínica Bem-Estar para desejar a todos empatia consigo próprio e com o próximo, determinação, esperança, saúde e muito amor!
“Quando não podemos mais mudar uma situação, somos desafiados a mudar a nós mesmos”
Viktor Frankl
Bibliografia
Organização Mundial de Saúde
Revista Psicologia: Ciência e Profissão/Conselho Federal de Psicologia. Edição especial de 30 anos. 2010.

Ana Lúcia da Costa Rafael – Coordenadora, é Psicóloga Clínica, terapeuta familiar, casal e individual. Especialista em Psicologia Clínica pelo CRP/SP, pós-graduada pela PUC/SP em terapia familiar, casal e individual. Ministra palestras e cursos para pais, educadores e psicólogos. Articuladora da APTF [Associação Paulista de Terapia]. Formada pelo Programa Internacional em Práticas Colaborativas e Dialógicas/Houston Galbeston Institute [Texas] e Taos Institute [Novo México].