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Orientação para escolha profissional, como é esse processo?
Cresce a importância deste trabalho para um esclarecimento e amadurecimento dos jovens, especialmente, os de primeira escolha
Há um momento de nossa vida que deparamos com o desafio de escolher uma profissão e são muitos os questionamentos sobre possibilidades de cursos e carreiras. Então se faz necessário muitas reflexões acerca dessas escolhas, afinal, passamos grande parte de nossa existência trabalhando, e o prazer e a satisfação podem fazer parte dessa trajetória.
É interessante observar como cada um de nós espera e almeja que a vida profissional se desenvolva. Alguns querem buscar um curso universitário, a carreira militar e outros tem um espírito empreendedor e almejam ter seu próprio negócio.
Ainda há pessoas que preferem a segurança de um concurso público, a carreira artística, enfim, independente da escolha, é importante que seja feita com muita consciência, conhecimento de si e de sua realidade.
Atualmente, nota-se uma dificuldade maior de alguns jovens em escolher sua profissão. Muitas vezes isso acontece devido à pouca experiência na vida fora do ambiente escolar, que favorece uma imaturidade para escolhas e decisões. Em função dessa e outras situações cresce a importância do trabalho de orientação profissional para um esclarecimento e amadurecimento desses jovens, especialmente, os de primeira escolha.
A orientação da escolha profissional é um processo muito bonito e tem começo, meio e fim. É um caminho para a construção de uma tomada de decisão, onde o orientando é protagonista de suas escolhas, levando em consideração vários aspectos: o autoconhecimento, as influências do meio e o conhecimento das profissões.
O primeiro aspecto e o mais importante, é do autoconhecimento onde o orientando toma consciência de suas habilidades e competências, seus valores, crenças, interesses pessoais, influências familiares e sociais, assim como, suas expectativas com relação ao futuro, estilo de vida, perspectiva salarial.
Para que esse momento aconteça de forma lúdica e experiencial nós orientadores de carreira utilizamos vários instrumentos e atividades para elucidar esse processo; pode -se também utilizar testes psicológicos que avaliam habilidades e aptidões, características de personalidade, escalas e inventários de maturidade e interesse. Com esses instrumentos é possível ter uma síntese do perfil do orientando para auxiliá-lo na sua tomada de sua decisão.
O próximo passo é o entendimento das influências que o orientando passa durante sua vida e, principalmente, nesse momento de escolha. Por exemplo, é muito comum famílias que têm tradicionalmente algumas profissões influenciarem os adolescentes a seguir em uma carreira apenas por convenção e não por uma escolha ou habilidade.
“O orientado é protagonista de suas escolhas, levando em consideração vários aspectos:
o autoconhecimento, as influências do meio e o conhecimento das profissões”
Outra influência muito comum são as profissões tidas como muito rentáveis ou de muito status e/ou as profissões ‘do momento’. É importante sempre observar quais características esses orientandos têm e que de fato permitam sucesso em qualquer profissão a ser escolhida.
Exemplo interessante é a Medicina, ainda muito desejada, porém, um curso que exige muitas habilidades, organização de estudo, dedicação, facilidade para lidar com situações que envolvam sangue, ferimentos e situações de emergência, e é comum o desconhecimento da necessidade dessas competências. Afinal não são todos que as possuem e lidam facilmente com essas exigências, mas é importante que saibam que poderão ser desenvolvidas ao longo do curso, desde que se predisponham a isso.
Sabemos que grande parte de nossas habilidades e competências são desenvolvidas ao longo de nossa vida, por isso, a importância da avaliação e orientação, para que o jovem tenha conhecimento de si, suas habilidades e competências e as influências que o cercam e a partir dessas informações saber o que pode e gostaria de desenvolver e aprimorar.
Logo após esses dois momentos de autoconhecimento e das influências, busca-se entender as profissões desejadas pelo orientando. Esse é o momento de compreensão do papel de cada profissão: campo de atuação, mercado de trabalho, faixa salarial entre outros. Nesse momento também se faz uma varredura sobre os cursos e faculdades existentes.
Com todos esses aspectos elucidados, orientador e orientando tem uma síntese de todas as características, necessidades e possibilidades que devem ser levadas em consideração na hora de decidir, lembrando que a escolha é sempre de sua autoria. Como orientadora profissional procuro trabalhar o protagonismo, a autonomia e o amadurecimento para escolhas, para que o jovem se sinta, de fato responsável e consciente por esse processo.
É importante considerar que ao longo do caminho essa escolha pode ser repensada, afinal, a decisão da profissão envolve risco, coragem e novas possibilidades. Não temos absoluta certeza de muitas coisas que nos cercam, mesmo com orientação e preparo o ser humano pode em algum momento repensar suas decisões. O importante é sempre buscar os sonhos de forma lúcida e consciente, assim como, a felicidade em tudo que fazemos.

Flávia A. Lima – Psicóloga Clínica, terapeuta familiar, casal e individual. É coordenadora de grupo de apoio para religiosos. Ministra palestras e cursos para pais e educadores. Formada pelo Programa Internacional em Práticas Colaborativas e Dialógicas/Houston Gabeston Institute [Texas] e Taos Institute [Novo México].